10.11.10

"Carregador de bebês" permitiu evolução de ancestrais humanos - Folha de São Paulo

(Depois de tanto ouvir que os bebes precisam "aprender" a ficarem sozinhos no berço, no carrinho... E ver um "lançamento" de super produto que embala o bebe -a baterias. Achei engraçado este artigo da Folha!!)
por Timothy Taylor, autor de “The Artificial Ape”



Tradução: Eloise De Vylder


Folha de São Paulo, 01/11/2010


Darwin estava certo ao dizer que nós evoluímos a partir de criaturas simples. Mas ele estava errado, a meu ver, sobre as causas. De certa forma, nós não nos tornamos naturalmente inteligentes o bastante para inventar a tecnologia da qual dependemos. Em vez disso, a tecnologia nos fez evoluir.

O início da era tecnológica há 2,5 milhões de anos é marcado arqueologicamente pelo primeiro artefato de pedra lascada. Depois disso, o processo de seleção natural e sobrevivência do mais forte foi prejudicado; humanos inteligentes com armas podiam matar animais mais fortes que eles. O fato de nossos ancestrais evolutivos terem começado bem longe do topo da cadeia alimentar é ilustrado pelo fóssil da criança Taung, os restos de um hominídio criança que, há cerca de 2,6 milhões de anos, foi provavelmente estripado e carregado por uma águia. Como esses ancestrais passaram de símios à civilização, descartando seus caninos massivos e imensa massa muscular, sobrevivendo num ambiente hostil?


A resposta é uma nova e radical tecnologia: o “baby sling”, ou carregador de bebê, uma solução bem mais inteligente para carregar bebês do que levá-los nos braços. Isso, eu concluí, permitiu uma expansão radical no tamanho do cérebro de nossos ancestrais, que começou há cerca de 2 milhões de anos.

O uso de ferramentas de pedra, antes disso, já havia conferido alguma vantagem intelectual a nossos ancestrais, reduzindo a necessidade de força física e permitindo que mais energia fosse usada no desenvolvimento da inteligência. Mas andar sobre duas pernas – que liberou as mãos dos primeiros hominídeos – também teve um efeito contraditório sobre o desenvolvimento humano, porque isso exigia uma pélvis mais estreita para agir como uma plataforma estável para a coluna vertebral ereta. Isso, por sua vez, estabeleceu um limite máximo para o tamanho da cabeça no nascimento. Então todo tipo de inteligência interativa – a habilidade com as mãos – foi encorajada, e qualquer expansão relacionada à expansão do cérebro apresentava um grande problema.


Darwin argumentou que as fêmeas teriam valorizado parceiros mais inteligentes, impulsionando a ascensão do macaco ao Homo através da seleção sexual. Mas as fêmeas provavelmente experimentavam partos cada vez mais perigosos (por causa das demandas conflitantes de uma pélvis menor e das cabeças maiores dos bebês). Em termos evolucionários, o cérebro humano é uma desvantagem: uma característica com muitos custos, vulnerável e ineficiente energeticamente.


O fato de nossos ancestrais passarem a andar sobre duas pernas tornou mais difícil para os bebês se agarrarem a suas mães – assim como o fato de que provavelmente eles tinham bem menos pelos no corpo do que seus ancestrais parecidos com macacos – então a pressão sobre os primeiros bípedes para encontrar uma solução para carregar os bebês deve ter sido intensa. Usar um “carregador” é um conceito compreensível para chimpanzés, mas é necessário um pouco mais de inteligência do que eles têm – ou um golpe de sorte – para inventá-lo. É provável que os “slings”, tanto para lançar projéteis quanto para carregar bebês, tenham sido inventados no período das primeiras tecnologias da idade da pedra – o que significa que eles são anteriores (e provavelmente permitiram) a emergência de cérebros maiores que caracterizaram a aparição do gênero humano, Homo. Sabemos, afinal de contas, que as rochas eram usadas para cortar carne há 3,2 milhões de anos, e que há 2,6 milhões de anos elas foram deliberadamente moldadas na forma de ferramentas em vez de simplesmente coletadas para o uso. Isso assinala não só o início da criação de ferramentas de acordo com desenhos padrão para propósitos específicos, mas também a “sucessão” em que a tecnologia se torna interligada, com a fabricação de uma ferramenta para criar outra.


As implicações da tecnologia do "sling" são imensas. Os slings permitem que o estágio fetal seja estendido depois do nascimento – como com os marsupiais como os cangurus – permitindo que o cérebro continue se expandindo fora do útero, e num ambiente cada vez mais cultural. Depois disso, o rápido desenvolvimento da tecnologia para os primeiros humanos pode bem ter sido impulsionado por uma competição agressiva entre diferentes grupos que utilizadores de tecnologias.

Em termos de cérebro humano, o ápice aconteceu há cerca de 40 mil anos. A pressão sobre o órgão existiu desde que começamos a expressar a inteligência sob forma de linguagem, escrita e, agora, máquinas. Hoje, nossa tecnologia está se tornando tão sofisticada que o que emergirá no futuro pode nem mais ser controlado por nosso própria vontade.


Isso pode ser uma boa coisa. São os efeitos inesperados da tecnologia que costumam ter o maior potencial. De fato, a própria ideia de nossa humanidade existir em oposição à nossa tecnologia é errada. Como o filósofo John Gray argumentou certa vez: “Pode ser que a maior semelhança entre os humanos e as máquinas que eles estão inventando agora esteja em sua capacidade para a consciência”. A tecnologia tem a capacidade de ignorar o tempo e durar indefinidamente na forma física. Ela também pode destruir nosso planeta. Mas não há uma solução de volta à natureza. Nunca houve uma para o macaco artificial.


Folha de São Paulo, 01/11/2010

O desenvolvimento do bebe segundo a tradição tibetana

Os textos tibetanos, antigos e modernos, descrevem estágios específicos no desenvolvimento do feto. Existem semelhanças surpreendentes entre os ensinamentos médicos antigos e as definições da medicina ocidental para estes estágios.


O antigo Illustrated Principles na Practices of Tibetan Medicine, do século XI, pode ser o mais antigo texto no mundo a descrever o processo gestacional em texto médicos. As ilustrações são pintadas com uma serie de tangkas: tradicionais, detalhadas minuciosamente e altamente estilizadas. Há 5000 anos atrás, quando não havia raio-X, estas ilustrações correspondem exatamente a imagens obtidas com ecografias modernas.

O três estágios do Desenvolvimento

A secção sobre embriologia humana começa com uma descrição das três fases do desenvolvimento humano no ventre: a fase do peixe, da tartaruga e do porco. Curiosamente, a obstetrícia ocidental do século XX fala também agora das distintas características do primeiro, segundo e terceiro trimestre de uma gravidez.


Também no livro On Birth and Life: Treatise on Tibetan Medicine se descreve estes três estágios. Norbu, o autor, nos da uma descrição detalhada dos três estágios numa linguagem que explica a síntese dos elementos físicos e espirituais das transições.

De acordo com este autor, na primeira noite após a concepção o esperma e o ovulo estão unidos mas ainda não amalgamados um com o outro. No espaço entre estes dois, a energia da vida (prana) e a mente do ser em concepção estão presentes e por eles envolvidos. Pouco depois, esta energia e a mente ligam-se com a sua origem masculina e feminina. Esta união emerge como uma fina teia ou fio de vida, que se torna a base para a continuação do desenvolvimento.

Nos primeiros seis dias, o desenvolvimento do embrião é promovido pela mescla dos elementos masculinos e femininos. Ao todo o embrião requer quatro semanas para tornar forma e outras nove semanas para completar o primeiro estágio do seu desenvolvimento. A fase de peixe compreende às primeiras treze semanas da gestação quando o embrião se parece um peixe.


Após três meses a barriga aumenta. A volta do quinto mês o fundo do útero encontra-se a distancia de um dedo por baixo do umbigo. Durante esta fase, os orifícios do novo corpo em formação tomam forma e os membros alongam-se como os de uma tartaruga.

Cerca de seis meses após a concepção, o fundo do útero esta mais ou menos a um dedo de distancia acima do umbigo, e de mês a mês, subira então. Ao nono mês o útero chegou a distancia de dois dedos abaixo do externo. Ao longo do nono mês o útero desce um ou dois dedos e parece alargar um pouco. Durante este período o feto tem a sua forma final e cresceu-lhe o cabelo na cabeça e pelos no corpo. Esta ultima fase chama-se a fase do porco.

 
... Nascer é um próximo passo, natural para a criança e não a dura separação de um ambiente quente e escuro. Esta separação é fácil, ambos, mães e bebe, querem que o bebe saia para iniciar esta nova fase.

 

The Tibetan Art of Parenting by Anne Hubbell Maiden